Sinopse
Obra vencedora da 4º edição do Prémio Nova Dramaturgia de Autoria Feminina.
Em Lacuna, peça escrita como que em jeito de homenagem a uma avó esquizofrénica, a falta de palavras serve como mecanismo teatral para dar a ver uma ausência que por vezes é suprimida em cena de maneira intuitiva, contrariando o dispositivo racional da branquitude, o mesmo que, no limite, molda a vida da avó, motivando (possivelmente) a sua doença.
Lacuna é então, e entre outras coisas, um longo poema-reflexão sobre uma avó negra vista aos olhos da infância e teorizada hoje, à luz de um presente que não se quer passado, e, como tal, necessariamente anti-racista. Para que possa haver futuro.
O texto interpela-nos não apenas pela força e expressividade da escrita, visível logo nas primeiras linhas, como pelo imaginário a que alude e a justeza do dispositivo teatral que propõe, em que se sente uma progressão clara na narração de uma história, acompanhada de uma metareflexão sobre a mesma, a partir do lugar de fala da autora hoje.
Ao que se junta o modo sensível como a experiência da negritude, da doença, da velhice e da infância são tematizados - num momento em que é mais do que nunca urgente dar lugar a imaginários que tais, longamente invisibilizados.
Apresentações
14 dez., às 18h na Fundação Calouste Gulbenkian*;
15 dez., às 18h na Fundação Calouste Gulbenkian**;
19 dez., às 21h na Biblioteca Municipal de Faro.
*Atribuição do prémio, lançamento do livro e conversa com a autora e o júri. Sessão com interpretação LGP.
** Conversa com o público.
Ficha Artística
Direção: Filipe Abreu e Miguel Maia
Interpretação: (elenco a definir)